REFLECTINDO SOBRE A COMUNICAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR
Reflecting On Communication in Higher Education
Reflexionando sobre la Comunicación en la Enseñanza Superior
Autora: Judith Alfonso Correa
Ensaio académico
RESUMO
O presente ensaio académico tem como objectivo reflectir sobre a visão de vários autores a respeito do processo de comunicação educativa no ensino superior para alcançar as metas educacionais do presente século. Para o ensino superior é imprescindível que o docente possua habilidades técnicas que lhe permitam a transmissão dos conteúdos de forma clara e amena a seus estudantes a fim de obter um ensino-aprendizagem eficiente, neste caso, seu papel de docente como facilitador e orientador do processo desenvolve-se através da comunicação educativa, é no acto de comunicar que se estabelece a relação docente-aluno onde se transmitem conhecimentos, ideias, opiniões e valores. Neste ensaio, analisa-se a importância da superação docente no domínio de competências comunicativas, emocionais e tecnológicas que lhe permitam estar em actualização permanente para enfrentar os desafios da educação actual.
Palavras-Chave: Comunicação; Comunicação educativa; Inteligência emocional.
SUMMARY
The present academic essay aims to reflect on the vision of several authors regarding the process of educational communication in higher education to achieve the educational goals of the present century. For higher education, it is essential that the teacher has teaching skills that allow him to transmit content in a clear and friendly way to his students to obtain efficient teaching and learning, in this case his role as teacher as facilitator and guide of the process is developed through educational communication, it is in the act of communicating that the teacher-student relationship is established where knowledge, ideas, opinions and values are transmitted. This essay analyzes the importance of teachers excelling in the field of communicative, emotional and technological skills that allow them to be constantly updated to face the challenges of current education.
Keywords: Communication; Educational communication; Emotional intelligence.
RESUMEN
El presente ensayo académico tiene como objetivo reflexionar sobre la visión de varios autores respecto al proceso de comunicación educativa en la educación superior para alcanzar los objetivos educativos del presente siglo. Para la educación superior, es fundamental que el docente cuente con habilidades técnicas que le permitan transmitir los contenidos de manera clara y amena a sus estudiantes con el fin de obtener una enseñanza-aprendizaje eficiente, en este caso, su rol como docente como facilitador y guía del proceso se desarrolla a través de la comunicación educativa, es en el acto de comunicar que se establece la relación profesor-alumno donde se transmiten los conocimientos, ideas, opiniones y valores. En este ensayo se analiza la importancia de la superación docente en el ámbito de las habilidades comunicativas, emocionales y tecnológicas que les permitan estar en permanente actualización para enfrentar los retos de la educación actual.
Palabras clave: Comunicación; Comunicación educativa; Inteligencia emocional.
INTRODUÇÃO
A educação como processo social é importante para o desenvolvimento de qualquer sociedade. É o maior recurso para desenvolver a sociedade no âmbito económico, cultural, social e tecnológico, através dela se geram mudanças que atingem a vida do indivíduo desde o ponto de vista tanto individual como social.
A universidade, como formadora do profissional do nível superior, tem a responsabilidade de formar profissionais qualificados e com pensamento crítico capazes de assumir os rectos do mundo actual, por isso se fundamenta no ensino, na pesquisa e na extensão para a formação e aperfeiçoamento profissional, finalidades indissociáveis e imprescindíveis para que respondam ao melhoramento da sociedade.
O professor universitário enfrenta os desafios de uma sociedade em constante mudança social e tecnológica que pressupõe uma constante superação pessoal, precisa de competências didácticas e comunicativas para o desempenho de sua missão. A docência universitária tem sido submetida a constantes transformações, sendo uma delas a forma de comunicar o conhecimento, passando de um estilo tradicional para um estilo participativo, tendo como centro do processo de ensino o aluno.
Para que a universidade possa cumprir com suas tarefas académicas, necessita de docentes bem preparados, que além do domínio do conteúdo científico, saibam comunicar-se de forma afectiva com seus alunos, assumindo o papel de orientadores, pois, para além do desempenho académico e intelectual, conforme Araújo (2018) apud em Correia F.M. et al.(2021), os estudantes do ensino superior precisam de se ajustar ao novo contexto social e cultural, as normas da instituição de ensino e além disso, precisam de assumir novas responsabilidades, como gerir a vida financeira e sua própria carreira. Neste processo de educação-comunicação, o ensino superior em Angola enfoca-se na qualificação de seus docentes, desenvolvendo estratégias para elevar sua formação pedagógica.
DESENVOLVIMENTO
A sociedade contemporânea vive o advento de inovações tecnológicas, as redes de comunicação e de informação possibilitam apropriação e construção do conhecimento de variadas formas, é dentro deste contexto que se desenvolve a educação. A universidade requer perante a esta realidade de docentes capazes de ensinar em correspondência as diversas tendências pedagógicas e a utilização das tecnologias, por isso os professores além do conhecimento do conteúdo e da didáctica devem possuir competências comunicativas que lhe permitam interagir com a realidade educacional e seus novos desafios.
1.1. Comunicação
A palavra comunicação vem do latim communicare, o que significa tornar comum, compartilhar, repartir. Desde a visão de Sorin (1984), “comunicação é todo processo de interacção social por meio de símbolos e sistemas de mensagens. Inclui todo processo no qual a conduta de um ser humano actua como estímulo da conduta de outro ser humano. Pode ser verbal ou não verbal, interindividual ou intergrupal”.
Em toda a actividade humana está presente a comunicação, ela possibilita a troca de ideias, conhecimentos, opiniões, faz-se também a retroalimentação. No âmbito educacional a comunicação é imprescindível para que ocorra o processo de ensino aprendizagem através da interacção que se estabelece entre profesor-aluno.
Desde a perspectiva de Lomov (1989), a comunicação é a interacção das pessoas que entram nela como sujeitos. Conforme Lomov na comunicação, tanto o emissor como o receptor são sujeitos que interagem em uma troca de papéis que permitem uma retroalimentação.
Para haver comunicação devem existir três elementos básicos: Emissor, Canal e Receptor, como aparecem representados na Figura 1. Ainda, no processo de conversação, existe o feedback, representado pela resposta do receptor no momento em que responde, o receptor inverte o processo e passa a ser o emissor, e aquele que antes emitia passa a ser o receptor, que irá decodificar e interpretar a nova mensagem.
Figura 1.
Esquema do processo de comunicação
Fonte: Braga J. F (2018). Comunicação educacional.
Em resumo, os elementos básicos que formam parte da comunicação são:
Emissor: aquele que emite a mensagem;
Receptor: pessoa que recebe a mensagem;
Mensagem: a ideia, aquilo que se quer comunicar; - COMUNICANDO...
Canal: o meio como entrar em contacto emissor e receptor;
Código: sistemas de signos, linguagem.
Contexto: são todas as informações que acompanham o texto, modo pelo qual as ideias se encadeiam no discurso.
Chiavenato (2010) acredita que muito dificilmente a comunicação ocorre sem problemas e que quase sempre existem factores que reduzem a probabilidade de que ocorra comunicação bem-sucedida, apareciendo muitas vezes barreiras comunicativas do tipo:
“Ideias preconcebidas; Interpretações pessoais; Preconceitos pessoais; Inabilidade de comunicação; Dificuldade com o idioma; Pressa ou urgência; Desatenção ou negligência; Desinteresse; Outros interesses prioritários; Emoção ou conflito; Laconismo ou superficialidade; Motivação” (Chiavenato, 2010, p. 426).
Concordando com Chiavenato, são muitas as barreiras que prejudicam o acto comunicativo, todas elas se manifestam nas diferentes relações do processo de ensino podendo acrescentar outras dificuldades como a falta de escuta ativa, não harmonizar a linguagem verbal com a gestual, não olhar nos olhos de quem nos fala, mostrar arrogância, interrupção quando outro fala, entre outras, que dificultam o feedback em todo processo comunicativo.
1.2. Comunicação educativa.
No processo de ensino aprendizagem tanto o docente como aluno são emissores e receptores, a eficácia da mensagem transmitida pode ser verificada por meio de feedback ou entendimento da mensagem, segundo Gil (2007), a eficácia da comunicação tem a ver não apenas com as habilidades da transmissão, mas também com as características da mensagem, com o canal em que esta é vinculada, com a disposição de receptor e com o oferecimento de feedback.
A educação e a comunicação estão ligadas, conforme Vandevelde (1982) apud em Romero, M. I. et al. (2023), ensinar tem um sentido muito próximo de comunicar. Para Kalik (1987), a comunicação educativa é um tipo especial de comunicação profissional, do professor e seus alunos, tanto na sala de aula como fora dela, que têm como objectivo o processo de ensino-aprendizagem e possui determinadas funções pedagógicas. Ambos os autores analisam desde a teoria a comunicação como processo de interacção humana, em onde se transmitem e recriam os significados.
A actividade educativa é uma actividade comunicativa por excelência, em que se manifestam todas as funções que lhe são inerentes a esta última: informativa, afectiva e reguladora (Lomov, 1989). A comunicação educativa formal tem por base a existência de um plano curricular e pedagógico com explicitação clara das intenções, conteúdos, métodos e avaliação, ao passo que a comunicação educativa não formal acontece em outros espaços institucionais como associações, sindicatos, grupos da sociedade civil, entre outros, não se realiza com apoio de um plano curricular correspondente a o exercício pedagógico.
Contudo, para que se dê a comunicação não basta que exista emissão de informação, é necessário que esta chegue ao receptor e provoque nesse, uma mudança de comportamento, o que indica que houve intercâmbio entre emissor e receptor, ocorrendo aprendizagem (Braga J.F, 2018). A interacção recíproca no processo de ensino e aprendizagem além da obtenção de conhecimentos e destrezas propicia a mudança de comportamentos socialmente aceites pela sociedade.
Conforme os autores citados, no âmbito educativo a interacção entre comunicar e educar realizada como processo promove a transmissão de conhecimentos e favorece o desenvolvimento da personalidade dos participantes no processo. De ahí a importância que tem que os docentes selecionem métodos participativos que potenciem a comunicação, pois propiciam aulas mais dinâmicas para despertar o interesse, motivando a quem aprende. A utilização do diálogo como método de ensino potencia a interacção, a troca de saberes, experiências, vivências, afetividade, estimula o debate e a explanação de opiniões.
No papel da educação e do professor para enfrentar os rectos deste novo século, foram aprovados na Conferência Internacional sobre Educação patrocinada pela UNESCO, pilares sobre os quais se deve apoiar a educação, estes pilares são: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser (Delors, J. 2012).
No relatório editado pela UNESCO, propõe-se uma educação fundamentada em: aprender a conhecer (adquirir instrumentos da compreensão), aprender a fazer - para poder agir sobre o meio envolvente, aprender a viver juntos (cooperação com os outros, atua no campo das atitudes e valores), e, finalmente, aprender a ser (conceito principal que integra todos os anteriores, formar indivíduos autónomos com responsabilidade pessoal).
Estes pilares apontam a necessidade de repensar a docência no ensino superior para dotar aos alunos de habilidades e competências comunicativas e profissionais que lhe permitam entender e resolver problemas de seu entorno e relacionados ao mundo laboral.
1.3. Competências comunicativas.
A universidade actual depara aos docentes com contínuas mudanças ligadas ao desenvolvimento da ciência e a tecnologia, mudanças sociais, económicas, políticas e culturais que tem que enfrentar com responsabilidade e com uma permanente superação profissional para enfrentar os desafios docentes na comunicação educativa e proactiva nas salas de aula, pelo que devem de reformular seu papel de serem transmissores a orientadores e facilitadores do processo de ensino aprendizagem.
O enfoque de formação baseado em competências comunicativas visa ao desenvolvimento integral do homem, é uma aprendizagem que promove aprender a aprender através de uma comunicação que efective as funções da comunicação: informativa, afectiva e reguladora.
Informativa para que propicie a troca de informação, ideias conhecimentos, opiniões; a função reguladora que propicia que a conduta de uma pessoa possa ajustar-se e controlar-se; a função afetiva refere-se à compreensão tanto intelectual como emocional do interlocutor, que permita se tomem em consideração os motivos, propósitos e atitudes do outro e possibilita o desenvolvimento de relações de simpatia e amizade.
Na comunicação educativa o professor não só transmite conteúdos, também forma convicções, sentimentos, desenvolve a personalidade através de um processo de interaçaõ, para que seja efectiva o docente deve possuir habilidades e competências que lhe permitam interagir com seus educandos. Para Sedrez (1996) “o professor competente não é mais simplesmente o transmissor do conhecimento sistematizado, através da memorização e a disciplina rígida, o professor competente guia a aprendizagem, ensina aos alunos a “aprender a aprender”“.
O docente universitário deve possuir competência comunicativa, segundo Parra (2013) apud Romero, M.I (2023), a competência comunicativa profissional pedagógica é um estado de preparação geral do docente que garante o desenvolvimento bem sucedido das tarefas e funções da profissão docente em correspondência com as exigências dos participantes e dos contextos de actuação.
A competência como acção que define saber fazer num contexto dado, possibilita o desempenho da profissão. O termo competência profissional é definido por Caicedo (2001) apud Romero, M.I (2023) como “conjunto de características de uma pessoa que estão relacionadas directamente com uma boa execução numa determinada tarefa de trabalho”.
O docente deve possuir competências profissionais que lhe permitam seu desempenho com qualidade, pelo que requer de uma formação constante para aperfeiçoar a forma como desenvolve sua função para preparar os indivíduos que a sociedade precisa.
Segundo Perrenoud (2000), dentre as competências básicas que cabem ao educador estão:
1- Organizar e animar situações de aprendizagem.
2- Gerir a progressão das aprendizagens: conceber e gerir situações- problema ajustadas aos níveis e possibilidades dos alunos.
3- Conceber e fazer evoluir dispositivos de diferenciação: gerir a heterogeneidade dentro de uma classe.
4- Implicar os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho: suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com os conhecimentos, desenvolver a capacidade de auto-avaliação.
5- Trabalhar em equipe: elaborar um projecto de equipa.
6- Participar da gestão da escola: elaborar, negociar um projecto da escola.
7- Informar aos pais: animar reuniões de informação e debate.
8- Utilizar tecnologias novas.
9- Enfrentar os deveres e dilemas éticos da profissão.
10- Gerir sua própria formação.
As competências do docente universitário na concepção de Nassif e Hanashimiro (2005) apud em Holanda de Lima. C. & Pinto. F. (2021) envolvem a dimensão técnica, com a competência didáctica e teórica; a interpessoal, com a comunicacional e motivacional; a intelectual, com a busca de novos conhecimentos; social, com a ética e o comportamento equilibrado; a dimensão metódica e participativa, com as respectivas competências relacionadas à preparação de aula e feedback dos trabalhos realizados; e flexibilidade, iniciativa e acção.
Conforme as competências citadas, o docente deve analisar e autoavaliar seu desempenho como docente e procurar mudanças que possibilitem novas formas de ver e pensar no ensino tendo em vista o perfil dos alunos, o uso de tecnologias de informação e comunicação estabelecendo vínculos entre o conhecimento dos programas de ensino e a realidade do contexto onde se desenvolve o acto educativo.
A qualidade da educação depende da preparação do professor, que tem um papel fundamental como orientador que possibilita um tipo de aprendizado do saber e do saber fazer. Assmann (1998) afirma que a educação só alcançará a qualidade desejável quando gerar experiências de aprendizagem, criatividade para construir conhecimentos e habilidades para saber acessar fontes de informação sobre os mais variados assuntos.
1.3.1. Competências emocionais
Todas as funções da comunicação estão presentes no âmbito escolar, a função afectiva está voltada às emoções, pelo que o docente deve desenvolver competências emocionais e estar em condições de desenvolvê-las em seus estudantes.
Nas diferentes maneiras de relacionamento social que estabelecemos devemos reconhecer as emoções tanto próprias como as dos outros e gerir nossa resposta ante elas. Segundo Daniel Golemam (2001), a inteligência emocional é “a capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos”. Este autor defende que existem habilidades mais importantes que a inteligência académica na hora de alcançar um maior bem estar laboral, pessoal, social, académico; as pessoas emocionalmente expertas têm mais sucesso e mais probabilidade de sentir-se bem consigo mesmas e entender aos demais.
Na atualidade o ensino não está direccionado únicamente a área académica, tem destaque às características socioemocionais, elas são muito importantes para garantir sucesso na vida académica, laboral e pessoal, já que a competência emocional manifesta-se através da atitude e de habilidades como canalizar emoções, lidar com conflitos, persistir diante das frustrações, controlar impulsos, motivar pessoas e a si mesmo, entre outras. Isto exige conhecimento do docente para gerenciar suas emoções e as de seus educandos. Para isto é importante que o docente estabeleça um ambiente de aprendizagem que fomente a inteligência emocional.
Segundo Goleman (1999) a inteligência emocional pode ser demonstrada em cinco habilidades: auto-conhecimento pessoal- que permite reconhecer um sentimento enquanto ele ocorre; controle emocional- que consiste na habilidade de lidar com os próprios sentimentos, adequando-os a cada situação; automotivação-que permite dirigir as emoções a serviço de um objectivo e é essencial para manter-se caminhando sempre em busca de objectivos; reconhecimento das emoções em outras pessoas e habilidade em estabelecer e manter relacionamentos interpessoais.
A competência para lidar com as emoções exerce influência sobre a actuação do docente, conforme Weisinger (1997) identifica quatro componentes que estão presentes na actuação do indivíduo emocionalmente competente, que podem se estender aos docentes que actuam no Ensino Superior: capacidade de perceber, avaliar e expressar a emoção; capacidade de gerar ou acessar sentimentos que podem facilitar a compreensão de si e do outro, capacidade de compreender a emoção e o que se deriva dela em termos de conhecimento; e capacidade de controlar emoções e promover o crescimento emocional e intelectual.
Considerando o citado por os autores acima mencionados, é necessário que tanto os docentes como os alunos desenvolvam habilidades de:
Auto-consciência: Capacidade para analisar suas emocões;
Auto-regulação: Habilidade para aprender a lidar com suas emocões;
Empatia. Compreender as emoções e sentimentos do outro;
Autonomia: Ter segurança para tomar as próprias decisões;
Auto-conhecimento: Interpretar quem somos;
Habilidades sociais: Estabelecer relações interpessoais, lidar com as emoções dos outros.
A preparação dos universitários para o mercado de trabalho demanda habilidades cognitivas mas também habilidades afectivas e comportamentais, salientando o citado na conferência sobre “As Exigências do Mundo do Trabalho” que os graduados devem adquirir competências gerais, devem cultivar habilidades sociais e comunicativas, devem ser preparados para o empreendedorismo e, por último, mas não menos importantes devem ser flexíveis (UNESCO, 1998).
O processo de ensino aprendizagem requer de uma construção conjunta entre professor e alunos que os levem a construir conhecimentos e desenvolver competências básicas que lhe permitam sucesso em sua vida escolar e laboral. O ensino superior deve atender às competências socioemocionais, favorecendo habilidades que nos aproximem aos pilares da educação: aprender a ser e aprender a conviver, para isto se deve desenvolver nos estudantes habilidades como:
1. Desenvolver a escuta activa;
2. Lograr auto-motivação;
3. Ser capazes de gerir suas emoções;
4. Reconhecer as emoções dos demais para interpretar diferentes tipos de mensagens estabelecendo o feedback;
5. Entender os pontos de vista dos outros;
6. Expressar e defender seus critérios através da argumentação;
7. Avaliar e expressar emoções;
8. Trabalhar em equipa, colaborar;
9. Respeitar a diversidade de saberes e vivências culturais;
10. Exercitar a empatia,
11. Saber gerir conflitos.
Cada vez é mais relevante o desenvolvimento das competências emocionais considerando que o mercado de trabalho, mais do que selecionar indivíduos pela sua formação académica, conhecimentos técnicos, experiências e capacidades intelectuais, enfatiza uma avaliação das suas atitudes, capacidades emocionais e comportamentais (Valente & Almeida, 2020). O desenvolvimento da inteligência emocional nos ambientes de aprendizagem ajudaria na formação de estudantes abertos, flexíveis, com habilidades de auto-conhecimento, auto-regulação, auto-motivação, empatia.
1.4. As novas tecnologias da informação e comunicação
Os meios de comunicação como ferramentas ou estratégias metodológicas favorecem o desenvolvimento da aprendizagem quando são utilizadas em função dos objectivos a desenvolver e a interacção que se estabelece entre aluno-objectivo, aluno professor e aluno-aluno. É possível conceituar Tecnologia da Informação como sendo recursos computacionais e tecnológicos utilizados para recuperar, armazenar, tratar, organizar, produzir e disseminar a informação (Nascimento; 2004).
A crise enfrentada pela pandemia de covid fez reflectir a necessidade de que os docentes aprendessem a manusear as ferramentas tecnológicas, elas chegaram para ficar, de ahi a importância de o docente ser proactivo em sua superação pedagógica. A utilização das tecnologias é variada, através delas pode ser dirigido o processo de ensino como o uso de diversos aplicativos, exemplo: classroom, aulas televisadas, consultas por internet, redes sociais, fóruns. Esta nova realidade permite ao indivíduo aprender e reaprender novos conhecimentos, novas competências e novas atitudes.
O uso das novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs) para aprimorar o ensino e a pesquisa resulta de grande importância quando se utiliza como ferramenta, nenhuma delas substitui o trabalho do docente, considerando as funções da comunicação (informativa, afectiva e reguladora) não todas podem ser aplicadas pelas características de alguns médios utilizados como as tele-classes, onde a função reguladora e afetiva não se concretiza.
Os computadores podem informar os alunos, mas apenas os professores são capazes de formá-los. Somente eles podem estimular a criatividade, a superação de conflitos, o encantamento pela existência, a educação para o consumo, para o exercício dos direitos humanos (Cury, 2003). Trabalhar a partir do contexto dos alunos aliando as NTICs se propicia segundo Almeida (2008) quando estas sejam utilizadas para se chegar até as informações que realmente são válidas para os alunos, fazendo com que os mesmos, dentro de seus projectos de estudos, possam desenvolver a criatividade e estimulando a coautoria responsável.
Cabe à instituição escolar traçar estratégias para formação de habilidades no uso das tecnologias nos docentes como criar materiais, dominar aplicativos para integrar as tecnologias no processo de ensino-aprendizagem, manusear diferentes media, conhecer a linguagem técnica em informática, utilizar pedagogicamente meios tecnológicos (tv, cinema, informática, rádio), utilizar navegador de páginas Web, utilizar e-mail, programas de apresentações para expor ideias, gerar documentos em PDF, envolver aos estudantes no processo de aprendizagem on-line.
Neste sentido, conforme Dall Molin. A. et alt .(2017), para que as NTICs possam expressar e atingir suas possibilidades nos centros educativos, os docentes devem desenvolver competências de:
Assessor e guia para favorecer no estudante a autoaprendizagem;
Motivador e facilitador de recursos;
Desenhista de novos entornos de aprendizagem com TIC;
Capacidade de adaptação material, desde diversos suportes tecnológicos;
Produtor de materiais didácticos para distintos suportes tecnológicos e objectivos educacionais;
Avaliador dos processos que se produzem nestes entornos e com a interacção desses recursos;
Concepção docente baseada na auto-aprendizagem permanente, suportada por TIC.
O trabalho com as NTICs propiciam uma pedagogia interactiva onde tanto alunos, como professores constroem o conhecimento de forma colaborativa, aqui os professores organizam, propõem, avaliam e estimulam os alunos a aprender a aprender, a serem sujeitos activos no processo de aprendizagem. Dentro desta nova abordagem pedagógica das NTICs não significa que as antigas tecnologias estarão sendo deixadas de lado, mas que há uma necessidade de estabelecer um conecto entre as velhas tecnologias com as novas tecnologias (computadores, scanners, projectores, multimédia), em correspondência com os conteúdos e objectivos programados.
O professor universitário de hoje, passa de ser um docente tradicional a um professor participativo, democrático que seja orientador da aprendizagem, que ajude a seus alunos a aprender a aprender, a desenvolverem autonomia, atitude crítica, identificar e solucionar problemas, portanto o ensino universitário precisa de docentes motivados, com competências didácticas, comunicativas e tecnológicas assim como uma atitude de superação constante que lhe permita enfrentar os desafios da educação actual.
CONCLUSÕES
· A comunicação educativa no ensino universitário deve animar nos alunos na busca constante de novos conhecimentos, incentivar a crítica, a autonomia, para desenvolver-se no mundo escolar e para o mercado do trabalho com capacidade cognitiva e com competências comunicativas que o levem ao sucesso para o desenvolvimento da sociedade.
· A prática pedagógica deve privilegiar a construção colectiva dos conhecimentos a partir da utilização das tecnologias de informação e o uso eficiente da comunicação educativa.
· Os conhecimentos pedagógicos do docente unido ao uso de competências e habilidades da inteligência emocional reforça um ambiente de aprendizagem de qualidade.
· O professor deve possuir uma formação continuada apontada ao domínio de competências pedagógicas, emocionais e tecnológicas que lhe permita estar em actualização permanente para enfrentar os desafios da educação.
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